sexta-feira, 8 de março de 2019

Turismo cresce no mundo e no Brasil mais do que o PIB, mas governos insistem em desconhecer o seu potencial econômico. Promessas de Bolsonaro para o Turismo se perderam nas suas trapalhadas políticas

Gloria Guevara, presidente e CEO do WTTC revela os números do Turismo em 2018 
Texto: Arnaldo Moreira

Cada pesquisa realizada no mundo sobre o desempenho do Turismo mostra o alto potencial do setor, mas, apesar de conhecerem esses dados (ou não!), os administradores brasileiros nos três níveis de governo, salvo raras e honrosas exceções, se fazem de desentendidos e tratam o Turismo da forma mais desastrada e desinteressada.

A prova mais evidente desse descaso é a forma como os presidentes que se sucedem no Planalto atuam em relação ao Ministério do Turismo nomeando ministros sem a menor relação com o setor todos indicados pelos partidos no congresso. Para agravar essa situação os presidentes destinam o menor orçamento do governo a esse ministério.

O presidente Bolsonaro, que durante a campanha enalteceu e ressaltou a importância do Turismo como gerador de empregos e fonte de renda e de impostos, não fez nada    diferente de seus antecessores e nomeou o deputado  federal mineiro Marcelo Álvaro Antônio, dono de um farto laranjal eleitoral semeado em terras do PSL, partido a que ambos pertencem.

Entretanto, o presidente ocupado em desmanchar os nós constantes que e ele e os filhos inventam não tem tempo para se dedicar à administração do País. Senão teria visto a pesquisa anual realizada pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), em conjunto com a Oxford Economics.

O trabalho revela que o PIB do turismo brasileiro, em 2018, aumentou 3,1%, sendo uma das maiores taxas de crescimento da região e o dobro do crescimento da economia brasileira, e, no mundo, pelo oitavo ano consecutivo, o setor de turismo e viagens teve a maior taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global. 

O estudo, que é realizado há um quarto de século, mostrou que o segmento do turismo em 2018 contribuiu com US$ 8,8 bilhões para a economia global e que o setor cresceu mais rápido do que as economias do planeta pelo oitado ano consecutivo: 3,9% de Viagens e Turismo contra 3,2% do Produto Interno Bruto global e gerou 10,4% de todas as atividades globais.

O turismo gerou, no ano passado, 319 milhões de empregos, o que significa que uma em cada 10 pessoas trabalham nesse setor que criou um em cada cinco novos postos de trabalho pelo mundo.

De acordo com a pesquisa da WTTC o turismo é o segundo setor que mais cresce acima de Cuidados de Saúde (+3,1%),  Tecnologias de Informação (+ 1,7%) e Serviços Financeiros (+ 1,7%), ficando atrás apenas da Manufatura, que cresceu 4%. 

Gloria Guevara, presidente e CEO do WTTC revelou que  “2018 foi mais um ano de forte crescimento para o setor global de viagens e turismo, o que reforça seu papel como impulsionadora do crescimento econômico e da criação de empregos. Pelo oitavo ano consecutivo, nossa indústria superou a expansão da economia global em geral e registramos o segundo maior crescimento de todos os principais setores do mundo“. 

Os brasileiros desejam que o presidente da República comece de fato a governar o País e olhe para o Turismo como a atividade econômica que mais gera emprego e renda e se levada a sério alavancará a economia nacional, reduzindo o desemprego que continua atingindo 13 milhões de pessoas.

Lembro que foi o Turismo que tirou Portugal da péssima situação econômica em que se encontrava há quatro anos e hoje apresenta as melhores taxas de crescimento da zona do euro. O país, que tem uma população de 10 milhões de habitantes, recebeu no ano passado 22 milhões de turistas dos quais 10 milhões passaram por Lisboa que tem apenas um milhão de habitantes.


Imagine-se quantos milhões de turistas não viriam ao Brasil com o potencial que possui, sem dúvida um dos melhores do mundo. Assim, o nosso país continua patinando na lama da ausência de vontade política - apesar das promessas dos presidentes - e tem sérias dificuldades para chegar pelo menos aos 10 milhões de turistas, mantendo-se na casa dos 5 a 6 milhões, um dos mais baixos da América Latina.