quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Uma viagem ao túnel do tempo; uma volta aos séculos XVIII e XIX, é a sensação que se tem ao visitar as cidades de Ouro Preto e Mariana, ambas no interior de Minas Gerais. Saber que no auge do ciclo do ouro, Ouro Preto possuía cerca de 150 mil habitantes e um conjunto arqutetônico riquíssimo tombado pela UNESCO

A história do Brasil colonial presente em cada canto nas ruas de Ouro Preto

Uma aula viva do período do cíclo do ouro nas ruas das Minas Gerais

por Nairson Socorro*


Centro histórico de Ouro Preto  (Foto: Divulgação)


 Uma viagem ao túnel do tempo; uma volta aos séculos XVIII e XIX, é a sensação que se tem ao visitar as cidades de Ouro Preto e Mariana, ambas no interior de Minas Gerais. Saber que no auge do ciclo do ouro, Ouro Preto possuía cerca de 150 mil habitantes, população maior que a do Rio de Janeiro, (sede da Colônia portuguesa; sede do reino de Portugal, enquanto a Família Real portuguesa esteve no Brasil, fugindo do Imperador Napoleão Bonaparte em luta contra a Inglaterra e os seus aliados, entre eles Portugal; e durante o Império, respectivamente); e um comércio maior que o de Londres, faz entender a riqueza e a imponência de seu patrimônio histórico e cultural, exposto em seu conjunto arquitetônico e nas obras de artes de suas igrejas e museus.
Visitar essa região das Minas Gerais é a realização de um sonho para os amantes da arte e da história. 

Desfrutar dos resquícios da história e de sua importância para o Brasil, e das obras de mestres como Manuel da Costa Ataíde, o mestre Ataíde e Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, é um bálsamo para alma e uma verdadeira aula sobre o passado, sofrido por ação dos colonizadores, mas motivo de orgulho para o seu povo que resistiu a exploração, encarnada na figura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e de seus companheiros inconfidentes.

Ouro Preto está localizada na Serra do Espinhaço, na Zona Metalúrgica de Minas Gerais (Quadrilátero Ferrífero). Faz limites: ao norte, Itabirito e Santa Bárbara, ao sul, Ouro Branco, Catas Altas da Noruega, Piranga e Itaverava, a leste, Mariana e, a oeste, Belo Vale e Congonhas. Encontra-se a 96km de distância da capital, Belo Horizonte.

No apogeu do ciclo, Ouro Preto possuía uma população de 150 mil habitantes. Com a decadência da exploração do minério, essa população reduziu-se a cerca de 10 por cento. As cidades se transformaram em “cidades fantasmas”.

Atualmente o município possui uma população de cerca de 80 mil habitantes, distribuída em uma área de 1245km². Um quinto dessa população, ou seja, 16 mil é formada por estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP e do Instituto Federal – IF.

Os estudantes
Os estudantes são uma página à parte na vida da pequena Ouro Preto. A cidade respira e transpira cultura. Em cada praça e em cada rua manifestações culturais que fazem suar o seu povo, no subir e descer as ladeiras da histórica cidade. 

O que vem amenizar a transpiração desse povo é que enquanto eles estão trabalhando ou estudando durante o dia o calor é alto, aliviado (para quem pode), por um gole ou outro das cervejas artesanais produzidas na região; ou o fato da temperatura cair durante a noite, quando a moçada vai as festas.

 O município tem sua economia baseada na metalurgia, mineração e, sobretudo, o turismo. Com um intenso fluxo turístico, principalmente voltado para a sua rica arquitetura colonial, a cidade possui também muitos outros atrativos, com um ecossistema variado, com cachoeiras, trilhas e uma mata nativa que foi protegida com a criação de Parques Estaduais.

Fenômeno cultural
O Barroco e o Rococó estão presentes em suas residências, igrejas, museus e prédios públicos. Os dois fenômenos cultural e artístico, intimamente ligados à exploração do ouro no século XVIII, o barroco mineiro tem em seu artista mais célebre – Antônio Francisco Lisboa – o Aleijadinho, o grande mestre, o qual através de sua arte criou um conjunto de obras espetaculares por toda a cidade, com destaque a Igreja de São Francisco de Assis, onde hoje funciona o Museu de Aleijadinho, local onde está guardado e exposto parte representativa de sua obra.

Mariana perde sua condição de capital de Minas Gerais. Com a Independência do Brasil, Ouro Preto, torna-se capital de Minas Gerais, posto que detém de 1823 até o final do século XIX. No século XX, com o desenvolvimento de Belo Horizonte, Ouro Preto começa a perder sua importância política e econômica e perde seu posto de capital.

Em 1933, a cidade é declarada Patrimônio da Memória Nacional e tombada pelo IPHAN em 1938. Em 1980 foi considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.

Apesar da população nativa reclamar do custo de vida da cidade, provocado pelos efeitos do turismo, eles têm orgulho de dizer que o município possui qualidade de vida e que o índice de violência é zero, e o desemprego é quase inexistente. Quem não está trabalhando com a mineração ou com o comércio, desempenha alguma atividade no setor de turismo.

* Nairson Socorro é jornalista, historiador e turismologo.