quinta-feira, 24 de setembro de 2015

CNTUR DEFENDE GOVERNANÇA DE MARKETING DO TURISMO EM SEMINÁRIO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Em comemoração à Semana Mundial do Turismo a Câmara dos Deputados, através da Comissão de Turismo e da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo promoveu, dia 23 de setembro, no Auditório Nereu Ramos, um concorrido Seminário com o título Fomento do Turismo: Oportunidade de Desenvolvimento do País. 

O ato contou com a presença do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha e o Ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, presidido e coordenado pelos deputados Alex Manente, da CONTUR e Herculano Passos da FrenTur. 

Com auditório repleto de convidados estiveram presentes lideranças do trade, presidente do FORNATUR, Secretários de Estado de Turismo, presidente da Embratur, da CONTRATUH e da CNTur, dentre outros, que falaram sobre temas diversos focando o desenvolvimento integral do turismo no Brasil.

O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha prometeu fazer uma pauta positiva para aprovação dos principais projetos tramitando na casa que beneficiam o setor. 

O ministro Henrique Eduardo Alves mostrou os gargalos que atualmente impedem o desenvolvimento do turismo no País dizendo que a dificuldade de recursos tem impedido uma avanço maior na área. 

O presidente da Embratur, Vinicius Lummertz afirmou que a prioridade nesse momento de crise, para atrair turistas ao Brasil, será na Américas do Sul e do Norte.

Governança de Marketing
Representando a CNTur o diretor executivo da entidade, José Osório Naves falou sobre o tema “estruturação dos Destinos Turísticos”. Defendeu a instituição de governança de marketing para os destinos turísticos brasileiros. 

O que disse:
“Numa visão globalizada do Brasil, no aspecto do desenvolvimento do turismo no território nacional, temos a constatação de que inexiste gestão em marketing nas cidades turísticas brasileiras.Elas são meramente reativas. 

A operadora chega na cidade e solicita tarifas de hotéis e demais serviços, estruturando pacotes sob suas estratégias de marketing imediatista, ou seja, visando os mercados que lhes são imediatamente favoráveis. Isso é bom para a cidade.

“Mas, e os mercados circunstantes que são favoráveis ao destino mas não interessam à operadora? Ficam abandonados, pois não há governança de marketing na região. 

Esse foco comercial específico é danoso para a concretização do destino turístico, por não trabalhar seu entorno, agregando novos valores e serviços para enriquecer o “pacote” e gerar solidez econômica ao destino.

Os valores agregados são numericamente os mais importantes, porquanto estruturantes aos mercados regionais. 

As empresas do destino atuam individualmente em marketing, mas não em conjunto, em parceria, representando o destino.

“É projeto da CNTur, dentro de uma macro visão mercadológica propor ao turismo brasileiro, uma conduta de bom senso e da simplicidade: - induzir a formação de governanças de comercialização dentro dos destinos e das cidades turísticas, buscando gestão em marketing. 

São necessárias ações em duas vertentes: no lado da demanda e no lado da oferta, pressupostos básicos em marketing.

DO LADO DA DEMANDA: sistematizar continuamente os estudos de mercado, conhecer suas tendências. Saber os parâmetros de cada mercado emissor, pois o turismo exige UM PROJETO PARA CADA MERCADO (orientação pelo mercado).

DO LADO DA OFERTA: os empresários organizarem governança para estruturação da oferta (articulações para formatação de pacotes e criação de eventos), orientados pelos estudos de mercado.

"Disse mais que o autor do Plano de Marketing Brasil, do Ministério do Turismo, Mário Petrocchi, contou, em recente palestra, sem demérito, mas mostrando o fato como exemplo da gestão do turismo no Brasil, estatística focando dois dos melhores destinos turísticos brasileiros de nosso Nordeste:

"Em 1998 (primeira pesquisa nacional da demanda turística no país), ALAGOAS, tinha 1,5% do mercado brasileiro. 

"Em 2011, última pesquisa, Alagoas continuava com os mesmos 1,5% desse mesmo mercado. Não houve evolução.

"Houve perdas que reduziram essa participação a 1% e depois, em resposta à evolução do PIB per capita, retornando aos 1,5% de 1998. Não há sequer conhecimento adequado das tendências mercadológicas.

"Disse que, no caso, ocorrem duas ações básicas: - ou pela ação das operadoras de outras regiões

- ou das empresas, individualmente, tentando se vender diretamente ao turista, no varejo.

“O brasileiro precisa reconhecer que a principal variável na formação dos fluxos turísticos é a distância. Cerca de 80% do mercado nacional é formado por emissores vizinhos ou próximos. 

"E eles são, geralmente, ignorados. Parece que no Brasil o pacote só é cogitado para emissores distantes”.

"Voltando ao exemplo de Alagoas: o vizinho Pernambuco emitiu 3 milhões de turistas em 2011. 

Mas Alagoas (que recebeu 880 mil turistas nesse mesmo ano), pelo que sabemos até agora não elaborou projeto de marketing visando o mercado emissor de Pernambuco, para se “vender” como o melhor e mais barato destino, pela proximidade..

O marketshare de Alagoas no mercado emissor Pernambuco é de 6,5%. Isso sem qualquer projeto de marketing específico... 

É possível que possa até dobrar, se houvesse a elaboração de produtos de acordo com os desejos dos pernambucanos.

Essa carência em gestão mostra resultados impressionantes como nos Estados do Rio de Janeiro e do Amazonas. 

Estados que possuem riquíssimos acervos turísticos: entre 1998 e 2011 esses 2 estados registraram balanços negativos de fluxos de turistas.

A solução é a gestão de marketing nos destinos, estruturando-se processo endógeno de inteligência de mercado. É preciso parceria público-privada. 

Os empresários precisariam liderar asestratégias em marketing e o poder público apoiar em promoção. 

Sem isso estaremos sempre lamentando zonzamente buscando causas outras inexistentes ante a ineficiência de governança. 

Segundo Peter Drucker (1954) marketing e inovação produz resultados positivos imediatos. Todas as demais funções são custos”. (José Osório Naves)