sábado, 10 de maio de 2014

LONDRES COM PARQUES, JARDINS E UMA ARQUITETURA MARCANTE DE MUITOS SÉCULOS OU MAIS MODERNA QUE CONVIVE HARMONIOSAMENTE É SEMPRE UM DESTINO ATRAENTE E QUE DEIXA UM SABOR DE QUERO VOLTAR


É impensável ir a Londres e não visitar os seus parques. A acrescentar a isto, ter a minha mãe, que adora jardins, flores, árvores, arbustos, como companheira de viagem. 

Que sabe dar os nomes às coisas que muitas vezes vê nestes espaços que são como oásis nas cidades. 

Por isso esta galeria londrina tinha de contemplar uma sala toda ela dedicada ao que percorremos e vimos durante os nossos dias nos parques de Londres. 

Não esgotámos os parques e os jardins. É impossível e ainda bem. Vistámos alguns deles e as nossas longas caminhadas pela cidade à superfície (optámos por não andar de metro, privilegiando os nossos passos ou o bus muito típico) permitiram-nos reparar em pequenas praças com um jardim no meio, em varandas floridas nos bairros mais residenciais e menos dedicados ao comércio, em canteiros que floresciam nas partes laterais das portas de casas ou ainda em plantas de interior, que se vislumbravam facilmente através de grande janelas rasgadas nas fachadas.



No bairro do hotel onde ficámos.

Em Notting Hill.

Antes de chegar a Portobello Road, que eu queria muito conhecer.

Os meus olhos viraram-se também para as árvores, que adoro. Estivessem onde estivessem, era para elas que olhava e, ao rever algumas fotografias desta viagem, constatei que há bastantes com árvores, mesmo quando estas não são o foco da minha atenção imediata. 

Mas estão lá, integradas nos “terços”. Por vezes os seus ramos ou as suas folhas constituem a moldura que para aquele instante escolhi.

Entre a folhagem, a Torre de Londres.


Gostei desta presença verde a contrastar com o vidro translúcido dos escritórios e serviços. No caminho entre a Tower Bridge e a Tate Modern.


Entrada para a Tate Modern. Caminho de árvores delicadas, até lá chegar. Num fim de tarde, depois de uma longa caminhada desde a Torre de Londres, do outro lado do rio, ao longo do Bankside.




Estas blue trees estavam muito próximas de St.Paul’s Cathedral. Havia mais. Todas com troncos azuis que obrigavam os mais incautos a olharem com espanto aquelas árvores que pareciam irreais, como se tivessem saído de um sonho. 

Faziam parte de uma intervenção artística criada por um escultor australiano, com vista à sensibilização para a importância das árvores em espaços urbanos. Para a questão da crescente desflorestação em todo o mundo, também.

Parques, árvores, flores de Londres – eis os motivos que justificam mais uma sala nesta galeria londrina.

Sala dos parques

Uma das entradas do Hyde Park.

Os primeiros parques que visitámos foram precisamente dois que são como dois irmãos ao mesmo tempo próximos, mas muito diferentes.

Como uma inscrição que os apresentasse, escolhi este excerto de um livro que li demoradamente assim que regressei da viagem. 

Soube-me bem esta espécie de “mergulho” em águas conhecidas… «(…) Os parques são o grande êxito do sudoeste de Londres. 

Há muitos na cidade, mas à excepção de Regents e do distinto, distante e imenso Richmond, nenhum resiste à comparação com a dupla Hyde Park-Jardins de Kensington.

Hyde e Kensington são contíguos e não há nada que os separe (a teórica linha divisória é traçada nos mapas a partir do Albert Memorial), mas não são iguais. 

O Hyde é mais amplo, mais silvestre e tem um cemitério de cães (junto a Victoria Gate) e um rio verdadeiro: a Serpentine não é um lago artificial, mas sim o Westbourne, um afluente do Tamisa que nasce na elevação de Hamsptead.(…) Kensington dispõe do luxo da Orangerie, um terraço para estetas, e não é exactamente um parque, mas antes, como o próprio nome indica, um jardim. 

É um vestígio de uma Londres na qual uma das ocupações do cavalheiro consistia em passear garbosamente, e conserva um espírito discreto e elegante.

Hyde e Kensington são melancólicos no Inverno, rebentam numa explosão verdejante na Primavera e, no Outono, são belos como uma infância perdida. 

Embora no século V certas tribos saxônicas se tivessem instalado por algum tempo naquelas paragens, a uma prudente distância da Londinium romana, já sem legiões mas ainda fonte de inquietação pela sua azáfama urbana, os parques gémeos permaneceram desde então livres de colonização humana, quer como coto real, quer como reserva de vegetação, aves e de almas errantes. (…)»

- Enric González, Histórias de Londres, p.47-48, Ed.Tinta da China

Hyde Park.

No dia do Museu de História Natural, tomámos a Exhibition Road e rumámos ao Hyde Park. Vivemos lá o entardecer.

Um chorão imenso e antigo, no Hyde Park.

Num outro dia, vindos de Camden, visitámos Regent’s Park. Cheio de geometrias em forma de flores, de fontes revestidas e coloridas de pétalas, de autênticos tapetes de folhas. Um deleite para os olhos da minha mãe.

Seguem-se alguns recantos onde os nossos olhos se demoraram.







Regent’s park.


Sala dos bancos




Nos parques e jardins londrinos há bancos. Nas praças. Ao longo de algumas ruas, longas e largas. Também os há nos museus. 

As razões para lá estarem são as mesmas: uma pausa desejada por quem passa, um momento para dar descanso aos pés, ao olhar também, um pretexto para pôr a conversa em dia ou o cenário de um primeiro encontro. Isto e muito mais.

Em alguns momentos precisámos de bancos, de uma pausa. De parar e recarregar energias para os passos seguintes. Esses parênteses no meu caso pediam por vezes café forte. 

Como muito pouco nas viagens, contento-me com uma refeição frugal. Não podem é faltar fruta e iogurtes ou gelados espalhados pelo dia. Tal como o café. Por isso, algumas pausas eram também um aconchego para o estômago.

Em relação ao café, desde o primeiro dia percebemos que ele era bom, forte e intenso no Caffè Nero – um espaço onde nos podemos reencontrar com o verdadeiro espresso italiano: no aroma, na cor, no delicioso sabor. 

E ainda a descoberta do que replica a tradição italiana à mesa. Há muitos Caffè Nero a disseminar o aroma do café de Itália em Londres (ver aqui http://www.caffenero.com/default.aspx).

Espaços para uma pausa breve ou aquelas que nós quisermos. Apetece ficar naqueles lugares discretamente decorados, com um ambiente equilibradamente cosy e italiano.


O Nero que fica perto de Covent Garden.

Uma combinação que faz prodígios em mim.

A sala desta galeria tem bancos e parênteses de comer. Serve também para não me esquecer do itinerário e das suas pausas. Dos pontos no mapa londrino. Como se fossem umas âncoras de sabores diversos.




Este café não foi tomado no Nero. Mas soube muito bem, naquela manhã em Camden Lock. Pensar esta fotografia antes do disparo final deu-me particular prazer. 

Enquanto isso, antecipava um outro: o da cafeína. Tratava-se de perceber qual a melhor opção para fixar aquele momento e, ao mesmo tempo, retratar a simplicidade acolhedora do lugar. Focada no café, deixando tudo o resto (e é tanto!) de fora. Mas o que não ficou será pretexto para outra sala da galeria.

Sobre as “Blue trees” e o seu criador: