sábado, 11 de fevereiro de 2012

BRASIL, FINALMENTE, PASSA A EXIGIR DOS ESPANHÓIS AS MESMAS NORMAS QUE A ESPANHA COBRA DOS BRASILEIROS PARA ENTRAREM NA ESPANHA, PENA QUE TÃO TARDE

Não posso deixar de meter o bedelho na decisão muito atrasada do governo brasileiro contra a atitude como a Espanha trata os brasileiros que desembarcam em Barajas. 

Estávamos todos torcendo para que o governo brasileiro finalmente tomasse uma medida séria contra a estupidez, a brutalidade e injustiça como muitos brasileiros que desembarcavam no aeroporto de Madrid, alguns para tentarem, é verdade, a vida na Espanha, foram tratados pelos agentes da imigração desse país, muito diferente da forma como os espanhóis eram recebidos nos aeroportos brasileiros.

Não posso entender e condeno, como cidadão brasileiro, a inércia, a omissão do governo brasileiro, que através do Itamaraty, conhecia muito bem que os espanhóis estavam submetendo os brasileiros e brasileiras a humilhações, considerando-as prostitutas - denúncia de inúmeras brasileiras detidas -, a maus-tratos, prisão até quatro dias em salas e galpões próprios para receber gado e não gente, até os deportarem e deixou correr frouxo. O Itamaray foi incompetente.

Com o claro beneplácito do palácio da Moncloa, milhares de brasileiros foram maltratados e até torturados, segundo declarações de alguns, por agentes da imigração espanhola, antes de serem deportados para o Brasil. Eles ficaram detidos, na verdade, presos, em salas isoladas do aeroporto de Barajas, sem comida e até água por até quatro dias, uma prática digna de nazistas.

O pior é que a maioria dos brasileiros que desembarcavam em Barajas não tinham a Espanha como destino e sim outros países da Europa, principalmente Portugal. Os brasileiros detidos em Barajas viajavam pela Iberia devido aos preços das passagens mais baixos do que os das outras companhias. Todos estavam em trânsito, munidos dos cartões de embarque, aguardando as escalas para seus destinos.

Não me consta que nos compêndios, normas e regras da aviação comercial internacional haja algo prevendo a proibição de passageiros em trânsito fazerem escala num aeroporto de um outro país, a não ser que estejam proibidos de entrar por algum motivo legal.

É preciso deixar claro que os brasileiros presos e deportados pela imigração espanhola em Barajas não tinham a Espanha como destino - e mesmo que tivessem não podiam ser maltratados, destratados, humilhados, e há inúmeras denúncias de mulheres detidas de serem consideradas chamadas de "putas" pelos guardas.

A Espanha ou qualquer outro país tem o direito de impedir a entrada de qualquer estrangeiro em seu território, mas não pode, nem deve, por uma questão de ética internacional, impedir que passageiros façam escala no aeroporto, impedindo o prosseguimento de sua viagem. Isso é injusto, descabido, uma estupidez, uma canalhice. Afinal, a imigração tem como monitorar sua presença em solo espanhol até o embarque para outro país, e, assim, impedir que o passageiro saia do aeroporto.

Entre os muitos casos aberrantes praticados pela imigração em Barajas - repito, como o apoio do governo espanhol - lembro-me o de um casal de professores da Universidade de Recife, creio, detido em Barajas e deportado, que ía para Portugal participar de um congresso em Coimbra. Tinha todos os comprovantes de hospedagem em Portugal, levava dinheiro em espécie e cartões de crédito, a prova de que ambos eram professores universitários e que íam para o evento de sua área, inclusive apresentar trabalhos. Ficaram detidos dois dias, humilhados e ficou tudo por isso mesmo.

Finalmente, o governo brasileiro toma a atitude que deveria ter tomado há pelo menos três anos. Agora, espanhóis terão de cumprir as mesmas normas que o governo espanhol exige para a entrada e passagem de brasileiros por seu território. Agora que a Espanha passa por grave crise financeira e social, os espanhóis vão querer entrar no Brasil como turistas e por aqui ficar. Pena que as exigências brasileiras só comecem no dia 2 de abril.

Os espanhóis têm fama de narizes empinados e de acharem que o centro da terra é a Plaza Monumental, de Madrid, onde matam touros a sangue frio depois de os maltratarem até à morte, e não é à toa que os portugueses não gostam deles. Da parte que me toca, quero que o Brasil tenha cuidado com os brasileiros que viajam pelo mundo e lhes dêem o apoio jurídico e diplomático que precisem. Esse é um dos deveres do Itamaraty.