domingo, 12 de fevereiro de 2012

MULHERES CHINESAS VIAJAM PARA TER SEUS FILHOS EM MATERNIDADES EM HONG KONG PARA APROVEITAR OS BENEFÍCIOS E PRIVILÉGIOS CONCEDIDOS ÀS MULHERES RESIDENTES NA CIDADE

O número de turistas chinesas grávidas que viajam a Hong Kong para ter um segundo filho na cidade cresceu 108% nos últimos 12 meses, segundo dados divulgados, semana passada, pelas autoridades de saúde dessa região administrativa especial  da República Popular da China. No país, o governo comunista multa as mulheres que tiverem mais de um filho.

O motivo é simples: Hong Kong, ex-colônia britânica, oferece benefícios generosos e uma assistência médica considerada exemplar. As mulheres têm tratamento médico excelente e os recém-nascidos recebem residência automática e têm direito até os 12 anos a educação gratuita e assim se livram da restrição imposta às mulheres do continente.

Só no mês passado, 179 chinesas procuraram as emergências das maternidades de Hong Kong para dar à luz a seus segundos filhos. Elas viajam para a cidade praticamente em trabalho de parto e assim os hospitais acabam tendo de fazer os partos de emergência. 


Os números desse expediente utilizado pelas chinesas grávidas do interior está assustando as autoridades de saúde de Hong Kong: em janeiro deste ano, em comparação, ao mesmo mês de 2011, mais 89 mulheres deram à luz sob emergência. No total, os bebês nascidos de "mães-turistas" chinesas em Hong Kong totalizaram 32.000, em 2010, representando cerca de 40 por cento de todos os nascimentos.

O afluxo de mães chinesas do interior grávidas que, com o nascimento de seus filhos no território de Hong Kong, podem reivindicar direitos automáticos para si e seus recém-nascidos, é a principal razão do número crescente dessa procura.

A administração de Hong Kong anunciou no mês passado que limitou o número de mulheres chinesas turistas no último estado de gravidez a, no máximo, 3.400 por ano, mas essa decisão vem sendo desobedecida, pois as mulheres chegam aos hospitais já quase tendo os bebês.

O baby boom, como o problema é conhecido no Japão, é indesejado e está colocando uma pressão sobre os recursos públicos, bem como causando indignação popular. Um anúncio recente em um jornal de Hong Kong descreve as "mainlanders" - como são conhecidas as grávidas chinesas - como "gafanhotos", provocando irritação entre a população do resto do país.

No início desta semana, os oficiais de planejamento familiar chineses avisaram aos pais do continente que respeitem a política do filho único e adverte-os de que serão punidos se derem à luz um segundo filho em Hong Kong. Controles mais rígidos na previdência também têm sido implementados para que a lei seja cumprida.

Enfermeiras chinesas do interior ajudam as grávidas, em troca de um pagamento, a levá-las pela fronteira e a deixá-las em abrigos ilegais em Hong Kong, enquanto esperam o momento certo de se dirigirem às emergências das maternidades.

"Enquanto Hong Kong oferecer uma melhor assistência médica e mais benefícios para as mulheres grávidas da China, é impossível para a administração de Hong Kong erradicar completamente o problema", disse o professor Feng Yujun, da Universidade Renmin, em Pequim.